O que é o tímpano?
Essa estrutura, também chamada de membrana timpânica, fica no final do conduto auditivo (canal do ouvido). Ela serve para separar a orelha externa da orelha média (figura 1). Além de proteger a orelha média, ele também tem papel importante na audição. Quando o som chega no tímpano, ele vibra e transmite essa vibração para 3 ossinhos que ficam articulados entre si (Martelo, Bigorna e Estribo) e que vão levar o som até a orelha interna, onde a vibração é transformada em um impulso nervoso e transmitido até o cérebro.
Figura 1 - Esquema das estruturas do ouvido vistas em um corte através do conduto auditivo. Repare na membrana timpânica grudada ao martelo e outros ossículos. Eles levam a vibração até a cóclea, que fica na orelha média. Dentro da cóclea existem pequenas células ciliares que transformam a vibração em um impulso nervoso que é transmitido pelo nervo coclear (saiba mais).
O que pode causar uma perfuração no tímpano?
São duas as causas principais. A primeira é por algum trauma que machuca o tímpano. Por exemplo, colocar algum objeto no canal auditivo. Pode ser pente, chave, mas o objeto mais comum de machucar é o cotonete. Além disso, o trauma pode ser causado por uma variação brusca de pressão. Isso pode acontecer por um tapa ou soco próximo ao ouvido, que desloca o ar, ou em atividades de lazer como o mergulho.
A segunda causa principal são infecções do ouvido. Quando temos uma infecção, pode ocorrer o acúmulo de secreção atrás do tímpano. Quando acumula muita secreção, pode causar uma perfuração. Nesse caso, ela ajuda a drenar parte do líquido acumulado.
Independente da causa, o nome técnico para as perfurações timpânicas é Otite Média Crônica Simples. Chamamos de simples para diferenciar da supurada, no qual além da perfuração existe um processo inflamatório persistente que determina produção contínua de secreção.
O tímpano pode cicatrizar sozinho?
Sim! A grande maioria das perfurações cicatrizam sozinhas em cerca de 1 mês. Quando a perfuração não fecha, pode ser necessário fazer uma cirurgia. O ideal é esperar pelo menos 6 meses para ter certeza que a perfuração não vai fechar espontaneamente. Essa cirurgia se chama timpanoplastia, se quiser saber mais detalhes é só clicar aqui.
O que a gente sente quando o tímpano é perfurado?
Na hora que acontece o trauma, pode doer e até sair sangue. Logo depois, algumas pessoas ainda se queixam de perda de audição, zumbido no ouvido e a sensação de ouvir um eco quando fala. Conforme o tímpano vai cicatrizando, os sintomas vão diminuindo até sumir espontaneamente.
Mas, e se a perfuração não fechar? Nesse casos, os sintomas podem variar. Algumas pessoas podem não sentir nenhum sintoma. Outras percebem uma perda de audição leve e um zumbido. Além disso, pode acontecer de sair secreção do ouvido quando molhar no banho, na piscina ou se ficar resfriado. Essa secreção pode ser transparente ou com aspecto de catarro e por incrível que pareça, não vem com dor associada.
Todo mundo precisa operar?
Depois que o tímpano perfurou, o primeiro passo é esperar para ver se ele não cicatriza sozinho. Caso ele não cicatrize, a cirurgia é uma opção. Ela é feita com o objetivo de reconstruir a membrana timpânica e assim diminuir os sintomas. Principalmente as infecções que são o que mais incomoda os pacientes.
Nem sempre a cirurgia consegue recuperar totalmente a audição. Isso vai depender de alguns fatores. Primeiro, vai depender dos ossinhos que ajudam na audição. Eles podem estar parcialmente destruídos pelas infecções recorrentes ou trauma. Durante a cirurgia, pode ser realizada a reconstrução desses ossinhos, mas o resultado não é garantido. Outro fator importante é a orelha interna e a cóclea (figura 1). Em alguns casos, ela também pode ser afetada por muitas infecções e já ter algum prejuízo no seu funcionamento.
Quais cuidados devo ter com o tímpano perfurado?
O principal cuidado é evitar ter infecções. Para isso, o recomendado é proteger o ouvido do contato com a água, com o uso de tampões. Podem ser feitos tampão caseiros com um algodão embebido em óleo ou com uso de tampões próprios para natação que podem ser confeccionados em locais que trabalham com fones e aparelhos auditivos (se tiver interesse clique aqui)
Sobre a Autora
Ana Mariana Pinho é médica otorrinolaringologista com fellowship em otologia (cirurgias de ouvido) e especialização em roncopatia e distúrbios do sono.
Comments