Julho é o mês da campanha Julho Verde de conscientização do câncer da região de cabeça e pescoço.
Quando falamos em câncer de cabeça e pescoço incluímos os cânceres de boca e cavidade oral, lábios, orofaringe (garganta), seios paranasais, faringe, laringe, tireóide, esôfago e glândulas salivares, para citar alguns.
Esse alerta é muito importante pois trata-se de um câncer pouco divulgado e, ao chegar no consultório, infelizmente, já está em estágios avançados.
A detecção precoce é essencial para o diagnóstico e tratamento rápidos. Sinal de alerta ligado caso percebam:
Nodulações no pescoço
Feridas que não cicatrizam após 3 semanas em pele e mucosa
Rouquidão, dificuldade e dor para engolir há mais de 3 semanas, sem melhora e de caráter progressivo
Perda de peso aparentemente sem relação com alimentação
Falta de ar ou dificuldade para respirar
E QUAIS OS FATORES DE RISCO?
É intuitivo pensar que cigarro e uso abusivo do álcool são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, mas não são os únicos.
Outros fatores de risco são:
Vírus, principalmente o HPV (relacionado aos tumores de faringe)
Consumo abusivo de nitrosaminas, encontrados em alimentos embutidos e enlatados (relacionado a câncer não apenas de cabeça e pescoço, mas de todo o aparelho digestivo)
Exposição a luz ultravioleta sem a devida proteção (com destaque ao tumor de lábio e pele)
Tumores de faringe e orofaringe (a garganta) têm muita relação com o vírus HPV (sim! Aquele vírus que pode estar relacionado ao câncer de colo de útero). Vemos forte associação de sua incidência relacionado a comportamentos sexuais de risco (como sexo oral desprotegido com múltiplos parceiros(as)).
Por isso orientamos a proteção durante qualquer prática sexual.
Além disso, é essencial a vacinação contra os principais vírus do HPV, principalmente nas crianças!
TENHO UMA FERIDINHA QUE NÃO MELHORA. DEVO PROCURAR UM MÉDICO?
Geralmente a doença começa com uma "feridinha" que não cicatriza, "sem importância". O tempo passa, a lesão aumenta, outros sintomas começam a aparecer e, só então, há a procura do especialista. Nesse momento, porém, o que era uma "feridinha" se tornou uma lesão em estágio avançado, dificultando o tratamento e reduzindo as possibilidades de cura.
No Brasil, o cigarro é o pior fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço, principalmente quando associado ao abuso de álcool. A má higiene oral também está fortemente ligada com a ocorrência de câncer de boca em nosso país.
Manter a higiene oral e fazer visitas regulares ao dentista é importantíssimo! Muitas vezes são esses profissionais que conseguem observar alguma lesão ainda em fase inicial.
Lembrando que quanto mais precoce a identificação da lesão, melhor é o tratamento.
QUAL O TRATAMENTO?
O tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço inclui o tratamento cirúrgico, podendo ou não estar associado a radioterapia e/ou quimioterapia.
A escolha da cirurgia e sua associação ou não a radio/quimio vai depender de uma série de circunstâncias como:
A localização do tumor
O estagio da doença (ou seja, se a mesma é localizada numa região ou órgão ou sistêmica, quando já acomete outras regiões vizinhas ou à distância)
A condição clínica do paciente
Muitas vezes as cirurgias são grandes, levando a mudanças igualmente grandes na deglutição (capacidade de engolir), respiração, alimentação, fonação/vocalização. Por isso, também faz parte do tratamento o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar de nutrição, fonoaudiologia e psicologia.
É essencial dar todo o suporte para o paciente. O sucesso do tratamento não se limita em eliminar seu tumor, mas em dar mecanismos de reabilitação e fornecer apoio emocional para seu paciente!
Sobre a autora
Dra. Livia Burchianti
liliburch@hotmail.com
@l.burchianti
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