A imunoterapia é uma abordagem terapêutica que visa modificar a resposta imunológica do organismo a alérgenos específicos, tornando-a uma opção promissora para o tratamento de várias condições alérgicas, como rinite alérgica e asma. Idealizada na primeira metade do século XX, a imunoterapia evoluiu a partir da observação de que a exposição controlada a alérgenos poderia reduzir a sensibilidade alérgica ao longo do tempo. Historicamente, o conceito foi refinado por pesquisadores como Leonard Noon e Frederick Freeman, que realizaram os primeiros testes com alérgenos, demonstrando a possibilidade de dessensibilização.
Vários estudos têm evidenciado os benefícios da imunoterapia. Um marco significativo ocorreu em 2013, quando desensibilização subcutânea foi estudada por Meltzer e colaboradores, que mostraram que ela pode levar à melhora significativa dos sintomas de rinite alérgica em adultos. Outro estudo notável foi publicado por Cox et al. em 2006, que demonstrou que a imunoterapia sublingual contribuiu para a diminuição dos sintomas e uso de medicamentos em crianças alérgicas a pólens. Esses estudos contribuíram para o fortalecimento da imunoterapia como uma opção eficaz e segura para o manejo de alergias.
O processo de imunoterapia se inicia com a identificação do alérgeno causador por meio de testes cutâneos, como o prick test, uma ferramenta essencial que permite determinar quais substâncias estão provocando reações alérgicas. Com base nesses resultados, o tratamento é personalizado, administrando-se doses crescentes do alérgeno ao longo do tempo, o que é fundamental para alcançar um estado de tolerância. A duração do tratamento geralmente varia entre três a cinco anos, e a adesão rigorosa ao protocolo é crucial para uma resposta positiva.
As indicações para a imunoterapia incluem pacientes que apresentam reações alérgicas severas ou persistentes, que não respondem adequadamente a medicamentos tradicionais. Cabe destacar que o sucesso do tratamento depende de fatores como a gravidade da alergia, a consistência na adesão ao tratamento e a escolha apropriada do(s) alérgeno(s) a serem utilizados.
Em síntese, a imunoterapia representa um avanço significativo na medicina alérgica, oferecendo uma alternativa duradoura e efetiva para o tratamento de alergias. A evolução desta terapia, seus fundamentos científicos e os resultados positivos de diversos estudos sustentam seu valor na prática clínica.
Bibliografia:
- Cox, L., Nelson, H., Lockey, R., & Settipane, R. (2006). Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma: A practice parameter.
- Meltzer, E. O., Hamilos, D. L., & Lanza, J. (2013). Immunotherapy for Allergic Rhinitis: A Controlled Study.
- Noon, L., & Freeman, F. (1911). Prophylactic vaccination against hay fever. The Lancet, 178(4597), 1572-1574.
Dr. Tomás Filipe Pellegrini
Otologista - CRMSP - 152.169
Diretor Técnico e Clínico
Otoliv
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